O Parque Estadual do Rio Doce (PERD), administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), pode fazer parte da lista Ramsar, uma espécie de tratado de cooperação entre diversos países para a conservação e o uso racional de áreas úmidas. A técnica da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Carolina Hazin, fará uma visita ao PERD no dia 24 de janeiro para iniciar o processo de inclusão da unidade de conservação na lista.
As zonas úmidas estão entre os ambientes mais produtivos do mundo, considerados armazéns naturais de diversidade biológica. A finalidade desta lista é promover o uso racional dessas zonas, mediante a adoção de políticas e legislação apropriadas e atividades de formação, pesquisa ou destinadas a incrementar a consciência pública do valor dessas áreas. “A inclusão do PERD na Lista Ramsar representará a possibilidade de negociação internacional, voltada para o desenvolvimento de pesquisa, acesso a fontes de financiamento e acordos significativos para a cooperação inter-governamental em unidades de conservação de áreas úmidas”, afirma a Diretora de Áreas Protegidas do IEF, Aline Tristão Bernardes.
Título Ramsar
O título Ramsar é concedido pela Agência de mesmo nome e surgiu de uma Convenção, ocorrida em 1971, na cidade iraniana de Ramsar. O Brasil aderiu à Convenção em 1993 e é considerado o 4º país do mundo em superfície entre os presentes na lista. Os membros reúnem-se a cada três anos para discutir o progresso da conservação das zonas úmidas, rever o status dos sítios da lista Ramsar, apreciar os relatórios de organização internacionais e elaborar resoluções e recomendações.
Os países membros da Convenção de Ramsar participam de um processo destinado a identificar os sítios em seus territórios, os quais podem ser classificados como áreas úmidas de importância internacional, com o objetivo de prestar especial atenção à sua conservação e ao seu uso sustentável.
Atualmente constam da lista oito zonas úmidas brasileiras consideradas sítios de importância internacional: Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (AM); Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses e Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luiz (MA); Parque Nacional do Araguaia (TO); Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS); Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense e Reserva Particular do Patrimônio Natural do SESC Pantanal (MT). Juntas, estas áreas equivalem a 6.456.896 hectares.
Parque Estadual do Rio Doce - PERD
O PERD está inserido em uma região que se configura como o terceiro maior ecossistema lacustre do Brasil, perdendo apenas para o Pantanal e a Amazônia, razão pela qual está pleiteando o reconhecimento Ramsar. A região possui 150 lagos naturais, sendo 40 destes dentro da área na unidade de conservação. O PERD proporciona um espetáculo de rara beleza, com lagoas que abrigam uma grande diversidade de peixes que servem de importante instrumento para estudos e pesquisas da fauna aquática nativa, destacando-se espécies como bagre, cará, lambari, cumbaca, manjuba, piabinha, traíra, tucunaré, entre outras.
A unidade de conservação representa uma importante reserva genética pela quantidade de espécies que protege, sendo que diversas destas estão ameaçadas de extinção segundo as listas vermelhas estadual e nacional. A área detém grande riqueza de espécies da fauna, como o Macuco, o Mono-Carvoeiro e a Onça-Pintada, e da flora, como o Jacarandá-da-baia e a Canela-sassafrás.
O Parque Estadual do Rio Doce está situado na porção sudoeste do Estado, a 248 km de Belo Horizonte, na região do Vale do Aço, inserido nos municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo. A área abriga a maior floresta tropical de Minas em seus 36.970 hectares e foi a primeira unidade de conservação estadual criada em Minas Gerais.